Esses últimos dias foram de debates inflamados e muita exposição de idéias em todos os meios de comunicação. O tema central de todos esses debates foi invariavelmente o protesto dos estudantes que aconteceu aqui em Vitória.
Acompanhei parte da manifestação na quinta-feira 02 e quase a totalidade na sexta-feira 03. Na quinta eu fui pra Barra do Jucu e lá o assunto também era esse. De alguma forma, quase toda a população da Grande Vitória participou ou engajado no protesto, ou preso no transito sem conseguir chegar ao seu destino. Na sexta, a mesma coisa. Só se falava disso em qualquer reunião de amigos ou qualquer roda de buteco.
Quando cheguei em casa no sabado, me dei conta de uma coisa: a história está sendo feita nesse momento e a gente tá participando ativamente dessa construção da história!
Agora você pode dizer: a história é construida a todo momento. Viveu, fez história.
Mas quando eu digo “fazer história” é fazer história mesmo! Daquele jeito que fica nos anais pra ser lembrado por todas a gerações que vem por aí.
Que história é essa? Perceberam que, mesmo quem não estava preso no transito ou engajado no protesto acompanhou tudo o que aconteceu? Foi o primeiro protesto transmitido ao vivo, em tempo real, com várias cameras espalhadas por todo o manifesto. Agora, qual foi a equipe de TV que conseguiu fazer isso? Nenhuma! Isso foi feito pelas pessoas que estavam lá com seus telefones em punho. Nem todos eram estudantes, mas todos estavam mostrando o que de fato acontecia, até pela total “ingenuidade jornalistica”, sem os vícios ou artimanhas que sabemos que são usadas algumas vezes pra uma leve manipulada nos acontecimentos. Ou pesada mesmo.
E quem não tinha essa ferramenta em mãos, usava as facilidades da internet móvel para twittar tudo o que via. Cada deliberação, cada resultado de reunião, cada possibilidade de mudanças era passada e repassada pelo microblog, que acabou virando uma grande caixa de manchetes jornalisticas. Dessas manchetes a gente corria atras de algum portal ou blog pra ter informações mais completas.
E quem não estava lá com seus telefones em punho, (que era o meu caso) ficava de casa mesmo, acompanhando as twittcams e os jornais on-line para assim dar RT pra todos os seguidores e logo ver seu RT ser propagado em questão de segundos. Até debates mais acalorados ocorreram via twitter e apesar de não ter Facebook, tenho certeza de que rolou por lá tb. Eu mesmo estava acompanhando umas 3 ou 4 cameras simultaneamente e depois, lendo os comentários tive uma certeza: Os posts dos aspirantes a repórteres, cinegrafistas e fotografos jornalisticos tinham muito mais credibilidade do que os profissionais que lá estavam.
Nesses dias de protesto ví muita gente emitindo todo tipo de opinião sobre o ocorrido. Muita gente chamando estudante de baderneiro e muita gente dizendo que nada disso terá algum efeito satisfatório. Muita gente reclamando do tempo que ficou preso no transito e muita gente dizendo que é falta de respeito com toda a população ser privada do seu direito de ir e vir. Então fui procurar aqui mesmo na internet (se temos a modernidade na nossa mão, vamos lá, né?) na nossa recente história os protestos mais famosos do país.
Encontrei a Marcha dos Cem Mil, que ocorreu em 1968. Pois é. Em 1968 cem mil pessoas marcharam pacificamente pelas ruas do Rio de Janeiro pedindo o fim da ditadura no país. Em 1984 um milhão e meio de pessoas marcharam pacificamente em São Paulo
pedindo eleições diretas pra presidente do Brasil. Em 1992 setecentos e cinquenta mil pessoas marcharam pacificamente em São Paulo
pedindo a queda do então presidente Fernando Collor.
pedindo eleições diretas pra presidente do Brasil. Em 1992 setecentos e cinquenta mil pessoas marcharam pacificamente em São Paulo
pedindo a queda do então presidente Fernando Collor.
O que tem de comum nessas marchas citadas? Todas foram com um número descomunal de pessoas, logo, todas interromperam transito e pararam as cidade, todas eram por um bem comum para toda a população e não apenas movimento de classe e as três citadas foram pacificas. Agora me vem a pergunta: um milhão e meio de pessoas nas ruas não atrapalharam o transito? Setecentas e cinquenta mil pessoas nas ruas não congestionaram as ruas? Cem mil pessoas nas ruas não atrapalharam a cidade?
Tirei minhas conclusões buscando informações e assim hoje eu tenho minha idéia formada.
O Casaca nunca levantou bandeira política e não vai ser eu que vou fazer isso em nome da banda, até porque não respondo pela banda por nada. Qualquer tipo de ponto de vista que apoiamos até hoje é primeiro discutido entre nós e depois colocado em público. O que coloco aqui nesse mais longo post da história de qualquer post do Casaca (juro que já to terminando) é que temos uma história escrita e outra sendo escrita. Uma que ocorreu e outra que está ocorrendo nesse instante. Hoje temos a facilidade de olhar pras duas e comparar, perceber as semelhanças, detalhes e nuances. Depois disso feito, aí sim, temos todas as ferramentas pra difundir e propagar em progressão geométrica para todos os cantos do mundo – virtual e real.
Ah! taí os links citados no post:
bom
por enquanto é isso..
Jean
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