Fato foi que na última quinta feira (19/06/2011) alguns policiais em prol do cumprimento do decreto de março de 2009 que proíbe a realização de eventos públicos após a meia-noite subiram no palco para fazer valer a lei durante nossa apresentação.
Fato também que os policiais que subiram ao palco não souberam conversar, nem pedir, avisar ou qualquer coisa que deveriam fazer para intervir de forma polida e educada, como qualquer ser humano deve tratar outro.
Conforme nota informada ao Gazeta On Line pela Semcult de Vila Velha, realmente sabíamos do horário para terminar o show. Mas também sabíamos que ele deveria começar as 22hrs. Não estamos reclamando de ter que parar, mas sim o como foi feito, espero que isso fique bem claro.
Agora, se quisermos ampliar os horizontes do fato, podemos encontrar outros pontos mais equivocados e que podem gerar discussões mais aprofundadas. Mas pra nós é meia noite, pra Cézar Menotti & Fabiano pode ser meia noite e meia, né!?!? Sei.......
O primeiro, dentro do próprio evento é, não estávamos subordinados a PM. Essa abordagem não deveria ser feito diretamente a banda e sim à produção do evento. Nós estávamos ali para cumprir um contrato de duração de uma hora e meia. Fale com meu contratante.
O segundo ponto fica para a questão do horário, o que é uma piada. Generalizando, capixaba que é capixaba, se espelha no que é de fora. Ao menos a massa média. Pergunta: então por que não copiam o que há de bom fora daqui?
Jean já escreveu aqui sobre nossa passagem durante o carnaval por Caravelas (BA) onde a festa não para e a população vê nisso uma plataforma de desenvolvimento econômico. Desde o inicio do ano temos ido com muita freqüência fazer shows na cidade do Rio de Janeiro. Por lá, na sexta e no sábado a Avenida Mem de Sá e a Riachuelo (na Lapa) ficam interditadas a partir das 22hrs para carros e ônibus, ficando livre a circulação de pedestres pela rua, com segurança! Em Vitória é impensável que na Rua da Lama ou no Triângulo ocorra algo parecido. Digo isso em Vix pois em Vila Velha já é proibido música ao vivo na orla.
Leandro Valiati diz em entrevista ao site Cultura e Mercado dessa semana que “a produção e o consumo de bens culturais são uma expressão relevante do referido bem-estar, pois lidam com a autoestima, com a materialização de valor simbólico e com a identidade social."
Pergunta: será que os gestores públicos do ES conseguem captar a importância da arte na constituição da identidade de um povo? Será que percebem o protagonismo do artista dentro desse contexto? Não seria o caso de valorizar o artista da terra em prol da consolidação de nossa "alma capixaba", de nossa própria identidade? Ou será que tá bom viver a sombra dos estados que nos cercam e que efetivamente investem na afirmação de seu poderio cultural com orgulho de bater no peito e dizer "sou carioca, mineiro ou baiano". Não teríamos nós o direito a esse orgulho? Será...
Marcio Xavier